domingo, 29 de agosto de 2010

EXERCÍCIO TAMBÉM MATA A FOME

O benefício das atividades físicas para a sua silhueta está longe de se limitar à queima de calorias. Pesquisadores da Unicamp revelam que a prática de exercícios pode também controlar a sensação de saciedade.
Academia não rima com pizzaria. Não no dicionário do clínico geral José Barreto Carvalheira, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Carvalheira é o líder do grupo de 17 cientistas brasileiros que mostrou pela primeira vez uma associação entre a prática de exercícios e o controle da saciedade.
Um estudo publicado pela equipe brasileira esta semana no periódico PLoS Biology revela que as atividades físicas funcionam como um mecanismo de estabilização do organismo, que inibe o apetite nos indivíduos que estão acima do peso ideal. "As pessoas acham que exercício só queima caloria, mas conseguimos tirar o foco disso", conta Carvalheira à CH On-line. A prática de exercícios reverte a resistência do hipotálamo aos hormônios que controlam o apetite.A ideia da pesquisa foi sugerida por Eduardo Ropelle, que se formara em educação física pela PUC de Campinas e estava prestes a iniciar o mestrado em clínica médica na Unicamp. Ropelle queria ligar os dois campos aos quais se dedicava e, ao conhecer o laboratório de controle de ingestão alimentar de Carvalheira, decidiu investigar a ligação entre a sensação de fome e o exercício físico.
Cinco anos depois, Ropelle, agora doutor em fisiopatologia médica e professor da Unicamp, tem uma resposta para sua questão inicial. Os estudos desenvolvidos por sua equipe mostraram que a prática de atividades físicas reverte a resistência aos hormônios que controlam nosso apetite causada pela superalimentação.


A superalimentação no cérebro

Nos indivíduos que comem além da conta, o hipotálamo - região do cérebro que determina processos metabólicos - cria resistência aos hormônios insulina e leptina, cujo papel é nos informar quando estamos saciados. Essa falta de sensibilidade se deve a uma inflamação causada pelo consumo excessivo de gordura.
E é justamente nesse ponto que as atividades físicas entram em ação, segundo os cientistas brasileiros. A contração dos músculos característica da prática de exercícios libera uma proteína (IL 6) no sistema nervoso central que, agindo indiretamente por um complexo caminho bioquímico, acaba por inibir a inflamação do hipotálamo.
Com isso, o hipotálamo recupera a sensibilidade à insulina e à leptina, o cérebro volta a entender a mensagem de saciedade e inibe nosso apetite com eficácia. Ou seja, o exercício não funciona exatamente como um inibidor de apetite, mas como um estabilizador da gestão de alimentos.


Tratamentos em perspectiva?

Os resultados do estudo brasileiro são importantes para o entendimento dos distúrbios de sobrepeso, que afetam mais de 1,6 bilhão de adultos no mundo, de acordo com dados de 2005 da Organização Mundial da Saúde (OMS) - o número pode chegar a 2,3 bilhões de indivíduos em 2015. No Brasil, a gravidade do problema não passa despercebida: 43% da população adulta está acima do peso e 13% é obesa.
Mas ainda é cedo para pensarmos em um tratamento para a obesidade derivado dessa descoberta. As conclusões dos pesquisadores da Unicamp foram tiradas a partir da observação de ratos de laboratório obesos e magros, que faziam exercícios constantes de corrida e natação. Foi usada também a injeção da proteína IL 6 sintética para simular a prática de exercícios nos roedores, o que restabeleceu satisfatoriamente o controle da saciedade dos animais.
Carvalheira é reticente em relação à aplicação desse método em humanos. "É complicado introduzir a IL 6 no organismo, porque ela tem uma função dupla: pode ser pró-inflamatória, se injetada na corrente sanguínea, ou antiinflamatória, se aplicada no sistema nervoso central", explica o clínico. "Não há por enquanto uma droga claramente desenhada para reproduzir o exercício com a injeção no sistema nervoso central direto."
Seja como for, os resultados do estudo publicado esta semana abrem as portas para a pesquisa de tratamentos inspirados nessa descoberta. "É difícil ainda saber em que tipo de tratamento essa descoberta vai dar realmente", avalia Carvalheira. "Estamos descrevendo um mecanismo para ser estudado".


Fonte:Ciência Hoje 25/8/2010

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